terça-feira, 6 de novembro de 2012

A vez de Lya Luft e Tim Maia



MARIANA MOREIRA

É provável que Lya Luft e Tim Maia jamais tenham cruzado seus caminhos artísticos. Mas, cada um à sua maneira, ambos tinham os pés fincados no inconformismo e na quebra de padrões. A menina gaúcha que detestava bordar e cozinhar sempre viveu às voltas com os livros. Usa, até hoje, sua prosa delicada e forte para refletir sobre sutilezas, os conflitos, o lado de dentro.
Já o carioca Sebastião Rodrigues Maia transformou-se em um dos maiores ídolos da música brasileira, ao quebrar com a estética arrumadinha da jovem guarda, soltando seu vozeirão influenciado pelo soul, e dando vazão a diferentes vertentes musicais: a romântica, a internacional, a de influência religiosa, na fase Racional. Hoje, os dois filhos do mês de setembro (Lya nasceu no dia 15 e Tim é do dia 28) dividem a homenagem promovida pelo Terça Crônica, programa que mistura música, literatura e bate-papo, a partir de 20h, no Café com Letras (203 Sul).
A sabedoria feminina de Lya, que acaba de lançar romance novo, O tigre na sombra, será defendida pela convidada da noite, a poetisa Isolda Marinho. “Me identifico com a escrita dela, que é simples e cheia de densidade. Essa dualidade me inspira muito. Assim como ela, percebo que tenho pontos de luz, com sombras no caminho”, destaca ela. Um dos temas recorrentes é a relação homem/mulher. “A Lya convoca as mulheres a prestarem mais atenção nos homens, tem uma visão positiva do masculino”, afirma.
As crônicas e histórias de Lya, escritora, poetisa, tradutora e acadêmica, serão entremeadas por muita música. A verve escrachada de Tim dará a tônica da noite, com músicas que passeiam por diferentes fases, que vão da melancolia amorosa de Você, Azul da cor do mar, É primavera, ao groove de Guiné Bissau, Moçambique e Angola, além de Imunização racional. “Tim era uma crônica viva. Quem começa a pesquisar a vida dele, começa a se apaixonar até pelas presepadas dele”, destaca o violonista Alex de Souza, curador musical do projeto, que também preparou histórias curiosas sobre a vida e a música do eterno síndico para compartilhar com a plateia.
A seleção de textos ficará a cargo do também curador, Jones de Abreu, responsável pelas leituras dramáticas do Terça crônica. “Me guio muito perla forma como o texto cai na minha boca, tem que ter uma certa teatralidade”, afirma, adiantando que, diante de um extenso levantamento, a escolha de quais obras serão lidas é feita pouco antes do evento. “Lya é muito cotidiana, tem uma literatura pessoal e feminina. Ela vai tocar as mulheres presentes com muito humor”, adianta.


Próxima
rodada

O projeto nasceu em 2008, no Teatro Goldoni e já ganhou até versão televisiva. Canto das letras é apresentado mensalmente na TV Câmara. A edição seguinte do Terça Crônica já tem data e atrações definidas: em 20 de novembro, as crônicas homenageadas serão do ator, diretor e dramaturgo Miguel Falabella, e as canções, de Rita Lee.

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